domingo, 28 de novembro de 2010

" O MISTERIOSO AMAZONAS" - O rio mais longo do mundo -

"Gonçalo Pizarro, governador de Quito, partiu do Equador
em Fevereiro de 1541 com o objectivo de  cruzar os Andes orientais e forjar um caminho para o Atlântico através das misteriosas florestas tropicais. Francisco Orellana, outro conquistador espanhol, ficou sabendo dos planos do governador e decidiu acompanhá-lo. A expedição formada por 280 espanhóis e 4000 índios chegou ao final daquele ano na maior penúria. Perto do Natal Pizarro e cerca de 140 homens famintos foram deixados à beira  dum rio. Francisco de Orellana partiu em busca de ajuda. Com um barco e 57 homens  em diversas canoas  o aventureiro seguiu para leste,  quanto mais se aproximavam do Atlântico mais problemas tinham com a animosidade indígena...apesar disso, em 26 de Agosto de 1542 Orellana concluiu a sua jornada, tornando-se  o primeiro homem branco a descer os rios Amazónicos, partindo dos Andes e chegando ao Ãtlãntico."
" A JANGADA- 800 LÉGUAS PELO AMAZONAS" foi escrito por Julio Verne em 1881. Julio Verne considerava a Amazónia um dos lugares mais agradáveis do mundo, embora nunca tivesse colocado os pés na região, nem em qualquer parte do Brasil - o livro conta a viagem fantástica realizada em 1852 pela família de Joam Garral, um rico fazendeiro brasileiro que morava um pouco acima de Iquitos, no Peru e seguiu até Belém do Pará, sempre pelo Rio Amazonas."

Assim começa o livro "A TRAVESSIA DA AMAZÓNIA" escrito por Airton Ortiz, criador do jornalismo de aventura e explorador, aventureiro e fotógrafo, escritor profissional, com 10 livros publicados, jornalista free-lancer, especialiado em reportagens sobre a natureza selvagem. Neste seu livro Ortiz narra a sua viagem do Pacífico ao Atlântico, pelos rios amazónicos, seguindo as pisadas de Francisco de Orellana, vivendo as aventuras de Julio Verne........

O rio Amazonas corre pelo Norte da América do sul, na maior parte em território do Brasil. é o rio mais longo do mundo! Nasce na cordilheira chila, nos Andes, sul do Peru o que lhe dá uma extensão de 7,100kms. O rio nasce com o nome de APURIMAC, a 5,500m de  altitude
no Departamento de Arequipa, descendo as encostas da montanha até unir-se ao URUBAMBA, já nas florestas tropicais. Ao entrar em território brasileiro é chamado de SOLIMÕES ATÉ 30KMS  a  leste  de MANAUS, onde se junta às águas do rio NEGRO e ambos recuperam o seu nome principal O AMAZONAS. Considerados os principais afluentes e trechos navegáveis para embarcações, a bacia amazónica representa uma rede de 25,000kms  de vias fluviais. além  dos rios e  seus afluentes a hidrografia da região reserva os 2 maiores arquipélagos fluviais do mundo - ANAVILHANAS E MARIUÁ.

Na altura de ÓBIDOS-PARÁ o rio AMAZONAS apresenta a sua maior largura com 1.800 kms, mas também ali se regista a sua maior profundidade com 50 metros. Neste ponto sua vasão é de 200 mil metros cúbicos por segundo.

O rio AMAZONAS é uma das grandes atracções da cidade de MANAUS - é também um dos principais meios económicos e de transporte para os habitantes de toda a região Amazónica.

Nas proximidades  de MANAUS dá-se o fenómeno  

 - ENCONTRO DAS ÁGUAS -

As águas barrentas do rio
SOLIMÕES encontram as águas escuras do rio NEGRO. Dá-se a  únião mas não o acasalamento....
as águas não se misturam! O rio agora chamado de AMAZONAS permanece assim numa extensão de 6 kms, lado a lado correm em direcção ao mar.



O rio NEGRO apresenta um elevado grau de acidez com PH elevado, devido à grande intensidade de ácidos orgânicos, provenientes da decomposição da vegetação, daí a sua coloração escura. ele  corre a cerca de 2 kms/hora e a uma temperatura de 22ºC. Entretanto o rio SOLIMÕES corre de 4 a 6 kms/hora e a uma temperatura de 28ºC. Daí o fenómeno de NÃO se misturarem as águas de ambos os rios, pela  diferença na temperatura e  na velocidade.

Na fotografia aérea é bem visível as águas diferentes dos rios no seu leito comum. todo o encontro místico
que envolve este encontro inspirou os índios DA AMAZÓNIA, os primeiros a darem pelo fenómeno e assim criaram as suas lendas que perduram ainda nas suas tribos. É o caso da lenda da noiva LUA e do noivo SOL, se amaram e nunca se casaram, ela chorou e verteu tantas  lágrimas que formaram o rio NEGRO.

Vista aérea 

ORTIS descreve assim a sua chegada a MANAUS:  "Em 1856 nasceu em torno deste local o povoado de - lugar da barra - mais tarde chamada MANAÓS -NOME DA TRIBO INDÍGENA QUE HABITAVA A REGIÃO - a vila cresceu dando origem à actual cidade que se desenvolveu a partir dos seringais. Naquela época, início do século XX, a riqueza gerada pelo ciclo da BORRACHA deixou a capital MANAUS conhecida como "Paris Brasileira".
Muitas das obras monumentais ainda estão presentes no dia-a-dia da grande cidade, como a Alfandega, O Mercado Municipal Adolfo Lisboa, com a sua arquitectura em "Art-Nouveau", expressa nas armações de ferro, o Palácio rio Negro

e a mais esplendorosa de todas as obras da capital - O TEATRO AMAZONAS - em estilo neo-classico

Quando o sonho da borracha acabou  soterrado pelos seringais das colónias Britânicas e Holandesas no Oriente a região do Amazonas caiu na miséria.

Mas o TEATRO AMAZONAS é o grande testemunho desse breve periodo de esplendor vivido pela cidade de MANAUS. O projecto arquitétonico do teatro é da autoria do gabinete Português de Engenharia e Arquitectura de Lisboa e  data de 1833. No salão nobre com caracteristicas barrocas destaca-se a pintura a óleo "A glorificação das belas artes" na Amazónia, de Domenico Angelis. Sob o tecto abobadado estão afixadas quatro telas pintadas em Paris. Do centro pende um lustre com cristais importado de Veneza. Na sala de espectaculos a pintura do pano de palco faz referencia ao encontro das águas dos rios Negro e Solimões..


O sonho da borracha acabou, mas hoje o TEATRO AMAZONAS está mais vivo que nunca e ali decorre o Festival de Jazz em Julho, o film Festival em Outubro , concertos, festivais de Opera, etc......

Sentada na proa do barco que nos levava de regresso ao Hotel em Ponta negra, de olhos fixos no horizonte Amazónico, vivendo assim um sonho de muitos anos, esta visita, eu absorvia a tranquilidade e  o silêncio das águas do rio Negro, tentando desvendar alguns dos seus profundos mistérios, quando ouvi um pouco abafados pelos motores de alguns barcos que passavam,  os sons fortes dum sinfonia poderosa.......a 5º Sinfonia de Beethoven - vinham da cidade, olhei para lá do casario da margem e  vislumbrei a grande cúpula dourada do Teatro amazonas que brilhava sob os últimos raios de sol daquele final de tarde. Ali decorria o ensaio para o concerto da noite. Ao chegar ao Hotel Tropical, por mero acaso conheci o maestro João Carlos Martins, era ele o maestro que dirigia o concerto naquela noite.
Trocámos uma pequena conversa sobre Portugal, ele ficou feliz de saber que eramos portugueses, seu pai era português de Braga.

Vim depois a saber, através da pesquisa na internet, a verdadeira identidade do maestro. Um musico singular e famoso com uma verdadeira lição de vida. (Ver video na mensagem anterior)
Actualmente João Carlos é maestro da Filarmónica Bachiana de São Paulo e dedica-se à formação musical de jovens carentes. Numa entrevista dada a Marília Gabriela n GNT disse-"tenho de decorar todas as musicas, nos ultimos anos foram 10.000, pois  não consigo virar as páginas das partituras" e falou no seu próximo projecto " quero trabalhar com musica clássica nas tribos indígenas", Nessa noite o concerto tinha entrada FRANCA para o povo anónimo da AMAZÓNIA.......


O nosso pequeno barco amazonense deslizava  no rio Negro, passámos debaixo da ponte  nova, a mais cara do mundo, o casario colorido brilhava nas margens ao lado de Manaus, pequenos barcos de tarnsporte de mercadorias passavam  velozes e misturavam nas águas negras as esteiras de espuma branca, mais lentos e airosos navegavam os navios de tres andares de transporte de passageiros que embarcavam  nas povoações ao longo do rio.




Assim nos aproximámos do extremo da cidade, a parte nova de MANAUS, onde abundam os arranha-céus e os hoteis de luxo. Desembarcámos no cais do HOTEL TROPICAL, devido à seca enorme deste ano a altura das águas desceu imenso e o rio deixa a nu inúmeras praias fluviais. Temos de caminhar uns metros até subir a alta escadaria que nos conduz ao ponto normal de embarque. Mas na Amazónia tudo pode acontecer, o imprevisto é a ordem do dia!

O desembarque na PONTA NEGRA

14 comentários:

  1. Que linda viagem, fotos e tanto emos pra ver e descobrir,não?/ Uma semana linda!beijos,chica

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  2. Carissima Helena
    Nem sei que dizer...
    As imagens, a descrição que faz levam-nos mais além...
    Diria que estamos a viajar consigo...
    Depois as fotos (como eximia apaixonada pela fotografia) que posso dizer?
    São magnificas.
    Fico a aguardar mais novidades dessa viagem fantástica.
    Beijo

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  3. Imagino como terá sido fantástica a descida do rio Negro. Dá-nos aqui uma forma de viajar também.não só pelas palavras mas também pela excelente reportagem fotográfica. Deve ser uma viagem de onde se regressa purificado...
    "As águas barrentas do rio
    SOLIMÕES encontram as águas escuras do rio NEGRO. Dá-se a únião mas não o acasalamento....
    as águas não se misturam! Belíssimo!
    Um beijo.

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  4. Helena,

    que post mais lindo!Tuas viagens são fantásticas!

    Estive em Portugal de agosto a setembro,uma pena não te conhecer pessoalmente também.Mas,numa da esquinas do tempo nos encontramos...Quando vieres para cá novamente,avisa-me.

    Um grande abraço,

    Linda Simões

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  5. Que bela e completa reportagem. Lê-se com prazer do principio ao fim.
    Um abraço e fico a aguardar mais fotos.

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  6. *
    Amiga,
    um belo post
    parabéns
    ,
    Guitarras e sanfonas,
    Jasmins, coqueiros, fontes,
    Sardinhas, mandioca
    Num suave azulejo
    E o rio Amazonas
    Que corre trás-os-montes
    E numa pororoca
    Deságua no Tejo...
    Ai, esta terra ainda
    vai cumprir seu ideal:
    Ainda vai tornar-se
    um império colonial!
    ,
    In-chico buarque,
    ,
    Conchinhas,
    ,
    *

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  7. Sensacional!
    Viajei consigo por esses lugares por mim nunca vistos.
    Muito obrigada e parabéns pelo trabalho excelente!

    Bjs.

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  8. Olá Helena!

    Belíssima reportagem,escrita com detalhe por mão de mestra,que se lê dum fôlego, ainda que extensa.
    E consegui acompanhá-la, navegando nesse imenso rio, olhar esses bonitos monumentos da cidade de Manaus, alguns deles, como o teatro, já vistos pela televisão.


    Um abraço.
    Vitor

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  9. Did you surf the Pororoca? I would love to do it! You have seen one of the great wilderness areas left on our planet. I envy your experience. The Amazon is a living monument to the great and brave Portuguese explorers of the 16th Century. You embody their spirit 500 years later. Baci, KP

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  10. Olá Helena,

    Antes de mais os meus parabéns por esta lição sobre o Amazonas, as suas origens geográficas, a referência à obra de Julio Verne e ao livro de Airton Ortiz, sugestão sua, já em Manaus, que vou acolher com muito interesse. Conhecer o Maestro João Carlos Martins foi uma coincidência inesquecível. Vendo as suas bonitas fotografias é curioso como me sinto ao seu lado nesses cenários por onde tivemos oportunidade de viajar. Para além de um excelente post, queria também realçar que a visita ao Amazonas beneficiou de uma mais-valia significativa para mim, pois pude disfrutar da sua óptima e simpática companhia. Com os anos, vamos acumulando experiências e, sem dúvida, que o Borneo e agora o Amazonas ficarão para sempre gravados no melhor do meu registo de memórias destas andanças pelo mundo.
    Agradeço-lhe a companhia inesquecível, as conversas amenas e o trato elegante que é sempre um dado na sua presença.
    Um beijo Helena e fico a aguardar com entusiasmo os próximos posts.

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  11. OBRIGADA CRISTINA PELAS SUAS GENTIS PALAVRAS, também beneficei muito com a sua companhia e a do ZÉ , viver aqueles momentos sem vós não teria sido o mesmo,
    bjº HELENA

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    1. bom eu tenho em trabalho para entrega mais eu nao sei oque dizer sobre francisco de orellana voce pode me ajudar

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