domingo, 7 de fevereiro de 2010

SINFONIA DE LUZES - ALEGRIA, ALEGRIA!


Esta é a minha imagem da ALEGRIA, fotografia (trabalhada em fotoshop) que tirei ao anoitecer, à beira da Baía de Hong Kong, quando fazia o passeio de barco "Sinfonia de luzes". As luzes de todas as  cores reflectiam-se nas águas do mar, produzindo um efeito especial e multi-cor. O silêncio dos céus era cortado com os sons arrepiantes da 9ª Sinfonia de Beethoven - O HINO DA ALEGRIA - que ecoavam do topo dos arranha-céus, arranhavam a alma da gente e  fazíam as lágrimas correr.....lentamente!
São estes momentos de prazer que nos dão força para viver......


ALEGRIA

"De passadas tristezas, desenganos
amarguras colhidas em trinta anos,
de velhas  ilusões,
de pequenas traições
que achei no meu caminho.....
de cada injusto mal, de cada espinho
que me deixou no peito a nódoa escura

Duma nova amargura....
De cada crueldade
que pôs de luto a minha mocidade....
De cada injusta pena
que um dia envenenou e ainda envenena
a minha alma que foi tranquila e forte....
De cada morte
que anda a viver comigo, a minha vida,
de cada cicatriz,
eu fiz
nem tristeza, nem dor, nem nostalgia
mas heróica alegria.

Alegria, brutal e primitiva
de estar viva,
feliz ou infeliz,
mas bem presa à raiz.

Volúpia de sentir na minha mão
a côdea  do meu pão.
Volúpia de sentir-me ágil e forte
e de saber enfim que só a morte
é triste e sem remédio.
Prazer de renegar  e de destruir o tédio,
Esse estranho cilício
e de entregar-me á vida como a um vício.

Alegria!
Alegria!
Volúpia de sentir-me em cada dia
mais cansada, mais triste, mais dorida
mas cada vez mais agarrada à vida!"

(Fernanda de Castro -D!Aquém e D!Além alma)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"DEPOIS DO AMOR"

"JANELA"

Verde, azul, madrugada
Dois copos, nós, de mão dada
Apenas uma janela
 A abrir-se no corpo dela...."

Do poeta Fernando Tavares Rodrigues, poema publicado no livro de poesia "Depois do amor" em 1999, ano em que o conheci, algum tempo antes de morrer.

Conheci-o numa noite de Verão
falámos e partilhámos nossas vidas,
às vezes com palavras,
outras apenas em silêncio, mão na mão.
Passeámos e conversámos
sobre coisas que faziam rir, às vezes chorar,
mas entre nós e para sempre
há aquela janela virada para o mar......

Com ele aprendi a ler poesia
e a  melhor me conhecer,
partiu cedo, antes de tudo acontecer.
À noite, na cama deitada
leio os versos que me deixou,
sofro calada e sonho com ele,
depois vou para aquela janela
ver o dia acordar.......